(Fábio José Garcia Paes - assessor nacional da Aldeias Infantis SOS Brasil)
"Palavra de Abertura Oficial"
Bom dia!
“TUDO O QUE PODE SER DESTRUÍDO DEVE
SER DESTRUÍDO PARA QUE AS CRIANÇAS POSSAM SER SALVAS DA ESCRAVIDÃO”.
– RAOUL VANEIGEM –
Queremos dar as boas vindas à tod@s @s
parceir@s, apoiador@s e à tod@s @s participantes deste primeiro seminário de
“Qualidade nos serviços de Acolhimento”, uma iniciativa da Organização Aldeias
Infantis SOS Brasil e o NECA - –
Associação dos Pesquisadores de Núcleos
de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente .
Está sob a minha responsabilidade fazer este
abre alas, este prelúdio ou introdução a este Seminário. Por isso, farei em três
momentos: No primeiro momento narrar
a todos aqui presentes de como surgiu esta história toda de Seminário e de
Qualidade no Brasil. No Segundo Momento,
apresentar formalmente o tema gerador e por último propiciar a vivência do tema mediante a expressão artística
de adolescentes e jovens – do Cia Saúvas – adolescentes e jovens disseminadores
e defensores do direito à convivência familiar e comunitária. Esta será nossa “dinâmica”
introdução. Vamos lá!
Como surgiu
esta proposta?
Há aproximadamente há dois meses estive no
Prêmio Itaú UNICEF, promovido pelo CENPEC e reencontrei com Isa Guará, grande
parceira da Organização Aldeias Infantis no âmbito da pesquisa sobre a
infância. Neste reencontro conversamos sobre vários temas entre eles a novas perspectivas
de ambas as instituições, tanto do NECA como da Aldeias Infantis SO. Chegamos a
um denominador comum: a necessidade de desenvolver uma Politica de Qualidade em
âmbito nacional. A Aldeais Infantis tem como meta para estes próximos anos a
elaboração de um “Projeto de Qualidade” em âmbito nacional para todos os seus
serviços tanto de acolhimento institucional, como de fortalecimento de vínculos
familiares e comunitários, fundamentada com diversos materiais publicados pela Organização
em âmbito internacional nestes últimos quatro anos. Já o NECA, interessado em
iniciar esta discussão com a rede nacional de serviços de acolhimento mediante
as experiências reladas desde 2003 na União Europeia, em que se cria uma rede
de discussão, publicação e monitoramento de um projeto entre países de
qualidade no cuidado alternativo de crianças, que perderam o cuidado parental.
Com estas duas “pré-intenções” criamos imediatamente um acordo de intenções:
sentemos e pensemos em um projeto juntos Intitulado “Qualidade nos serviços de
Acolhimento Institucional”. Só que antes de construirmos um projeto juntos, é
necessário escutar, partilhar, discutir, coletar saberes e perspectivas,
convocar mais pessoas, organizações para esta roda, que não tem como centro as
duas organizações, mas sim o direito à qualidade como subliminarmente apresenta
a Convenção Internacional dos Direitos da
Criança e Adolescente - por isso, da
realização deste seminário que tem este nobre, e ousado intuito! Em menos de dois
meses definimos temas, palestrantes, mediadores, parceiros institucionais e
diversos apoiadores, que foram fundamentais para estarmos aqui hoje.
Tudo foi criado e pensado neste período, até a
logomarca para este evento, uma mágica do trabalho voluntário de diversas
pessoas, que na verdade este seminário é a antessala, ou melhor, a porta de
entrada do movimento que ora se inicia.
Qualidade?
Porque qualidade?
Não ousarei falar com o discurso da
assistência, nem menos do judiciário ou de qualquer outro campo técnico deste
âmbito. Façamos algumas perguntas soltas, poéticas, mas que tem como objetivo
acercar este tema escolhido e definido como prioritário.
Será que a “desculpa” de discutirmos sobre
“Qualidade” não tem a ver com o distanciar pedagógico, intencional, e
epistemológico do que fazemos? Transcender nossos sistemas, e todo complexo de
ferramentas e normativas atuais de resposta frente ao interesse da criança e
adolescente? Será que não tem a ver com a capacidade de inquietar-se, de
estranhar aquilo que é obvio, comum, cotidiano e operacionalizado? Será que não
é propiciar um espaço, um tempo, uma pausa, uma moratória onde admiremos outra realidade possível e
necessária? E neste jogo de interrogações surge a questão: O que está posto
pela lei, pelas orientações, pela prática, pelos orçamentos, pelos planos
estratégicos e operacionais e pelos diversos sistemas existentes é a melhor
resposta para impactar e mudar a vida de crianças e adolescentes sempre vítimas
de uma cultura adultocêntrica e laboratorial no campo do direito e no âmbito
assistencial? O que fazemos é duradouro, certo, melhor, adequado, por isso,
qualificado para este objetivo? Ao falar de qualidade será que não apresentamos
uma mudança de centralidade, trazer aquilo que é periférico, marginalizado,
esquecido para o centro. Inverter a lógica de atendido X assistência. Mas
porque pensar assim? A qualidade traz uma verdade no campo de nossas atuações e
conhecimentos: tudo o que existe é temporal, precário, provisório, limitado,
esgotado, reduzido, falido, perecível... para sair desta fatalidade surge à
necessidade de caminhar, movimentar-se, discutir-se, aprofundar, sair da zona
de descanso, sair da bolha do tecnicismo e operacionalismo inconsciente. Por
isso, neste território aqui proposto sobre a Qualidade nos serviços de
Acolhimento, está para além de uma discussão só da assistência, ou só do
judiciário, mas uma discussão e proposta multi-pluri – vivencial e sistêmica
sobre a situação dos serviços de acolhimento no Brasil. Qualidade talvez esteja
neste fio da navalha, entre o que existe e o que a necessidade, o interesse
maior de crianças e adolescentes e jovens exige que façamos.
Saúvas –
vivência temática
(A Cia
de Teatro Saúvas apresentou algumas músicas de provocação)
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